
Autoria: Alberto Federman Neto, AFNTECH.
Revisto e Ampliado em 28 de Novembro de 2022.
1. INTRODUÇÃO:
Nesta Nota Técnica, como contornar alguns defeitos existentes em certos modelos de lamparina de álcool.
A imagem que ilustra este Artigo é de uma lamparina de álcool moderna, metálica e para uso odontológico. Marca Precivale Indústria Metalúrgica. São Paulo, S.P. Fonte da Imagem: Site “Soluções Industriais“.
2. LAMPARINAS DE ÁLCOOL:
As lamparinas de álcool são conhecidas na Alquimia e no laboratório Químico a muito tempo. RASMUSSEN, S.C. Substantia 270 (2019). Por exemplo, além do aquecimento por carvão, comum em Química na época, Lavoisier já usava lamparinas de álcool.
Alquimistas Árabes e Persas, como Geber e Razés, Gregos, com Maria a Judia, já conheciam a destilação e o isolamento do álcool puro e suas propriedades combustíveis.
Em laboratórios profissionais, vocês sabem, os Químicos atuais usam aquecimento elétrico ou bicos de Bunsen. Mas nos laboratórios amadores ou pequenos, as lamparinas de álcool são ainda muito úteis e podem seu usadas, principalmente para aquecer tubos de ensaio.
Primeiro, um esclarecimento. várias das imagens de “lamparinas” que o Leitor encontrará, são de lamparinas e lampiões para iluminação, usando querosene, óleo diesel ou óleo vegetal como combustível.
Elas não são adequadas para álcool! São até perigosas… O álcool é muito volátil e se inflama com facilidade.
Além disso, esqueça iluminar com álcool! Para iluminar não serve. a combustão é praticamente completa, não há fuligem nem partículas de carbono incandescente, que sirvam para iluminar. Lamparina de álcool é só para aquecer, Só tem caloria, não tem luz.
Para álcool, a lamparina precisa ter um tubo de segurança aonde encaixa o pavio, e que seja prolongado até o interior do recipiente que deverá conter o álcool, e/ou o pavio se prolongue bem acima da boca do recipiente. Exemplo. Esta é uma lamparina de querosene que pode ser usada com álcool. Estas também. Esta. Artigo sobre lamparinas bem construídas.
Outro exemplo, este modelo é para óleo de parafina, vaselina líquida, ou óleo, não serve para álcool, não tem o tubo de segurança. O mesmo para este modelo. E este. E mais este.
Veja a foto de uma das minhas. Ela é para querosene, mas pode ser usada para álcool. Note na tampa, onde se insere o pavio. Há um tubo de segurança, que se prolonga para “dentro” e “fora” da tampa.

As lamparinas de álcool podem até serem artesanais. Se tiverem o tubo prolongador, são seguras.
Você pode comprar sua lamparina pronta. O pavio se queima com o uso, mas é encontrado no comércio. o diâmetro varia com a lamparina, por isso, observa na sua. Mas o pavio pode ser improvisado com tecido de algodão puro, gaze ou com barbante.
Várias são metálicas, de alumínio ou aço inox, e para uso Odontológico e são próprias para álcool. Excelentes também para Química. Links: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10. 41.
Existem também feitas de vidro, para uso Químico ou Odontológico, vários modelos bons. 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20. 30. 31. 32. 33. 36. 37.

Porém as minhas lamparinas de álcool, de vidro, são deste modelo, do tipo que aparece nestes links: 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29. 34. 35. 38. 39. 40.

Marca: Ningbo Trustlab Instruments Co. Ltd., China. Parecida com esta.
Elas são boas e bonitas. Tem uma aparência “Colonial, Retro“, que eu gosto.
O queimador e o tubo de segurança, onde se insere o pavio, são feitos em porcelana de ótima qualidade, o que é excelente. Existem em vários tamanhos, as minhas são para 100 e 200 ml. de álcool. Tenho quatro.
3. PROBLEMAS, COMO CONTORNAR:
Mas elas tem um problema… O queimador de porcelana, onde se insere o pavio, encaixa muito frouxamente no frasco, recipiente, onde se coloca o álcool.

Note como a espiga do queimador é mais estreita e encaixa frouxamente na boca do recipiente de álcool.
Isso faz com que durante o uso, quando acesa, pode ocorrer a inflamação, combustão do vapor de álcool no interior do recipiente, o que pode eventualmente causar acidentes. Comigo aconteceu algumas vezes, mas sem consequências sérias porque apaguei imediatamente..
O efeito que ocorreu é parecido ao que foi observado nesta lamparina artesanal.
Medidas das minhas lamparinas. Feitas com um Paquímetro Analógico, marca Marberg, Brasil. 300 mm: Boca do Recipiente de álcool, diâmetro externo, 20 mm, interno, 17 mm; Queimador de porcelana, diâmetro externo, 12 mm. Diâmetro do Pavio, 5 mm.
Note, pelas medidas, que o queimador vai ficar folgado no recipiente de álcool. E isso deixa escapar vapor de álcool, que se inflama. Não é bom!
O que fiz? Em testes preliminares, tentei prender o queimador no recipiente de álcool, com uma rodela, arruela, feita de tubo de silicone, mas derreteu. O silicone não suportou o calor.
Então fui recobrindo o pino de encaixe do queimador de porcelana, com várias camadas de fita de Teflon, PTFE, politetrafluoretileno, daquela usada em hidráulica. Isso aumentou o diâmetro do pino de encaixe do queimador, em cerca de 4 ou 5 mm.
Precisa ser fita de Teflon, PTFE de boa qualidade, de preferência grossa. Se for de qualidade baixa, ela vai “esfiapar”. Usei parte de um rolo grande, 25 m, de fita PTFE, tipo Teflon, de 12 mm, de uso profissional, marca Tecnofita. Brasil. Norma ABNT NBR 16368
Várias camadas de fita tipo Teflon, que é muito resistente a calor, envolveram a espiga do queimador, fazendo-a encaixar com pouca folga, no recipiente que contém o álcool. Não deixe o selo feito com a fita, ficar muito cerrado, hermético, pois é necessário equalizar as pressões interna e externa
Problema resolvido, ou pelo menos, contornado!

Testando a lamparina de álcool. Acesa por mais de 30 minutos. Note a fita de Teflon, calçando o queimador na boca do recipiente de álcool. Não houve mais problemas.

4. TESTANDO AS LAMPARINAS:
Após envolver a espiga do queimador com fita tipo Teflon, resistente ao calor, abasteça, monte e vamos testar as lamparinas.
Se você mora em uma casa, o chão do quintal, em um locar sem vento, é um bom local para testa-la. Claro, longe de fogo, longe da garrafa de álcool etc… Se mora em apartamento, e não tem muito espaço, coloque a lamparina sobre a pia da cozinha, ou sobre a mesinha (se for de pedra (mármore ou granito). Até dentro da cuba da pia, se for de aço inox. Mesmo dentro do tanque de lavar roupa, seco. Se for de cimento, aço inox ou porcelana.
Coloque a lamparina no local adequado, acenda e observe, mantendo-se relativamente longe. Em meus testes, não houve mais nenhum problema. Mantive as lamparinas acesas por 30 a 40 minutos.
5. RECOMENDAÇÕES DE SEGURANÇA PARA O USO DE LAMPARINAS DE ÁLCOOL:
O melhor combustível para as lamparinas, no Brasil, é o álcool comum, forte. álcool etílico 95-96 G.L. ou 92,8 INPM. O álcool 70 G.L não queima bem.
Alguns autores usam álcool absoluto. Mas é mais caro e muito inflamável. O álcool isopropílico é usado nos EUA, onde ele é facilmente encontrado.
Álcool metílico, metanol, não deve ser usado, por três motivos principais: ele é venenoso, muito inflamável e volátil (baixo ponto de ebulição e baixo Flash-Point).
E porque… não adianta! A lamparina é para aquecer, o álcool metílico tem pouco carbono, a temperatura da chama é menor.
Outras precauções. Não encha todo o recipiente da lamparina, apenas metade. Ao reabastecer ou acender a lamparina, certifique-se de que não há chamas, fogões ou aquecedores por perto.
Não deixe a garrafa reserva de álcool próxima da lamparina, e use-a sobre uma superfície plana e não combustível (de metal, ladrilho, granito etc…) e não de papel, papelão ou madeira.