
Autoria: Alberto Federman Neto, AFNTECH.
Revisto, Ampliado e Atualizado em: 5 de Julho de 2023.
Nesta postagem, mostrando algumas vidrarias e utensílios de laboratório antigos, que possuo, uma coleção, e de vez em quando, uso.
Em alguns pontos deste artigo, cito a História das vidrarias. Para conhecer a História da maioria das vidrarias de laboratório, consulte estes meus Artigos, Partes 1, 2 e 3.
Algumas vidrarias citadas aqui, pertenceram a meu Pai (Médico Patologista) Alberto David Domingos Federman, (turma de 1949, FMUSP) e a Meu Avô, Fotógrafo e Pesquisador no Instituto Biológico, Alberto Federman.
Frascos Esmerilhados:
Antigos frascos esmerilhados, para sólidos e líquidos. pertenceram a meu avô.
São incolores. Fabricação brasileira, da Companhia Vidraria Santa Marina (Wikipedia) . São das décadas de 30 ou 40.
São levemente amarelados, pois são de vidro comum, alcalino, de garrafa, em formulação antiga, que continha pequenas quantidades de ferro.
São bonitos e decorativos, mas eu as vezes, os uso no laboratório, principalmente para estocar álcool, solução aquosa de sulfato de amônio (um precipitante de proteínas) ou nitrato de amônio 2% (um floculante para precipitados inorgânicos, que não deixa resíduo).

Balôes e Erlenmeyers:
Nesta foto, mais balões e frascos antigos meus. Muitos, comprei (alguns em 1971, quando fazia curso técnico de Química Industrial), alguns, comprei na época da faculdade ou na pós-graduação.
Outros, ganhei de uma professora de Química Orgânica, quando fazia graduação, na Universidade Mackenzie, Profa. Dra. Aurora Catharina Giora Albanese.

De cima para baixo, da esquerda para a direita: Balão de fundo chato, (frasco de Florence) de 500 ml, de vidro neutro (anos 50); Erlenmeyer de vidro alcalino, marca VG, Brasil, de 250 ml (1971); Erlenmeyer de 250 ml, de vidro borossilicato, Vidrolabor (1990). Erlenmeyer de vidro borossilicato, Duran 50, Schott Mainz, Alemanha, da década de 60; Balão Volumétrico de 100 ml, marca HERKA Maatkolf, Alemanha, dos anos 70; 4 frascos Erlenmeyer, de vidro borossilicato, marca Duran Schott, Alemanha, 25 ml, dos anos 80; frasco Erlenmeyer, 50 ml, marca Duran Schott. Alemanha, dos anos 80; Balão de fundo chato, de vidro borossilicato, 250 ml, marca Corning USA, dos anos 90; Balão de fundo chato, 50 ml, vidro borossilicato Jena marca Schott & Gen, Mainz, Alemanha, de 1975 (ganhei de uma professora); Balão de fundo chato, 100 ml, de vidro alcalino, marca VG, Brasil (1971); Frasco Erlenmeyer de 100 ml, marca Duran Schott, Alemanha, dos anos 80.
Cálices e Copos:
Na foto, três copos de precipitação meus, de 250 ml. Todos são de vidro comum, alcalino, o da frente é de 1971, os outros dois, atrás, são dos anos 60.

Remontam ao século XVIII. Lavoisier recomendava que decantações e reações fossem feitas em cálices comuns de vinho, para mais fácil observação da reação e/ou separação do sólido decantado. Também Michael Faraday, no século XIX, eventualmente usava taças ou cálices.
LAVOISIER, A.L. “Traité Élémentaire de Chemie.” , Editora Chez Cuchet, Paris, França, Vol. 1, Pág 35 (1789) e LAVOISIER, A.L. “Traité Élémentaire de Chemie.” , Editora Chez Cuchet, Paris, França, Vol. 2, Pág 350, Planche II, Fig. 10 (1789). FARADAY, M. “Chemical Manipulation.” Editora John Murray, Londres, Inglaterra, 3a Ed., Págs 185 (205 no doc. digital); 208 (227 no doc. digital); 230 (no doc. digital, 249) (1842).
Os copos cônicos de sedimentação já aparecem em antigos livros de Química. Veja HIJAZO, R., Espanha, Pinterest.
O cálice ou copo de sedimentação, ou precipitação, é um cálice sem graduação, rigorosamente cônico. O precipitado se acumula no fundo do cone, facilitando a decantação.
Uma variante é o “Cone de Sedimentação” ou “Cone de Imhoff”, com uma saída efilada na parte inferior ou uma pequena torneira, facilitando remover o precipitado. Foram inventados pelo Engenheiro Químico Alemão Karl Imhoff , em 1913, e são especiais para análise de água e medir volumes de sedimentos. Em escala grande, existem os “Tanques de Imhoff” IMHOFF, K. Patente Americana, US1057154A (1910-1913) . NICHOLLS, M.S. Sewage Works Journal, 2, 591 (1930). THODE FILHO, S. Et Al. Ciênc. Nat. 37, 673 (2015). ABNT, Norma NBR, 10561 (1988), Transcrição de FERNANDES, I.L (2019).
Alguns químicos modernos não usam mais, ou mesmo não conhecem mais, o copo de precipitação. Nos tempos atuais, copos de precipitação são muito mais usados em Análises Clínicas do que em Química. Principalmente no método de Hoffman, Pons & Janner. HOFFMAN, W.A.;PONS, J.A.; JANER, J.L. Puerto Rico J. Publ. Hlth. 9, 292 (1934). Outro Link.
Mas eu gosto. Permitem lavar ou isolar precipitados com facilidade.
E os cálices graduados? São copos cônicos, arredondados na parte inferior, com pé ou base, e com graduação em mililitros, Nos frascos antigos, a graduação era em cm3, marcada no vidro com ácido fluorídrico, ou com fluoreto de cálcio e ácido sulfúrico.
Aqui também. Os Químicos atuais não os usam muito, são mais usados em farmácias de manipulação.
Mas eu gosto. Excelentes para fazer soluções e também para executar precipitações e lavar precipitados.
Ilustrando este Artigo, vários cálices graduados meus.

Os dois da frente, pequenos, são dos anos 80. Os outros são das décadas de 50, 60 e 70. Todos são de vidro comum, alcalino.
Compare com estes, que estão sendo vendidos. São antigos, gravados com ácido fluorídrico, graduados em cm3 e de vidro Lena, para lentes.
Os cálices graduados surgiram como vidraria para Farmácia, na metade do século XIX. Segundo PARRISH, são Alemães de origem. PARRISH, E. “An Introduction to Practical Pharmacy.” Editora Blanchard and Lea, Filadélfia, EUA, 2a Ed., Págs: De Capa e 44, 45 (1859). Em outro livro, um aluno sucessor de Parrish, cita uma patente de um cálice graduado, mais aperfeiçoado. PARRISH, E; WIEGAND, T.S.. “A Treatise on Pharmacy.” Editora Henry C. Lea Son & Co., 5a Ed., Págs. 41, 73-75 (1884).
Você não os encontrará em farmacopéias muito antigas, como : FELIX-SÉVERIN, R. “Pharmacopée Française.” editora J.B. Baillière, Paris, França (1827). LOCHMAN, C.L. “English Edition of the Pharmacopoeia Germanica.” Editora David D. Elder Co. , Filadélfia, EUA (1873).
Mas entre 1860 e 1900, já são usados por Farmacêuticos e Médicos, por exemplo para preparar meios de cultura, ou medir volumes. EYRE, J.W.H. Brit. Med. J., 921 (1900). SQUIBB, E.R. Am. J. Pharm, 398 (1867). RIDEAL, S.; ORCHARD, R. Analyst, 22, 255 (1897).
Já são fabricados em 1877, pelo vidreiro Inglês John Joseph Griffin. GRIFFIN, J.J. (Autor e Editor), “Chemical Handcraft”, Londres, Inglaterra, `Págs.: 310, 331, 436 (1877).
Em Portugal, cálices já eram usados pelos Químicos, nessa época, século XIX.
No Brasil, Oswaldo Gonçalves Cruz os usou, quando trabalhou com as vacinas. VASCONCELLOS, F. Mem. Inst. Oswaldo Cruz, 15, 58 (1922).
Variante de Bico de Bunsen:
Esta é uma peça bastante rara no Brasil. Pertenceu a meu Avô e meu Pai.

No caso deste, é feito de bronze e segundo dizia meu Pai, é de fabricação francesa e dos anos 20..
O bico está incompleto e muito desgastado pelo uso, e por isso, não pode mais ser utilizado, pois não dá boa regulagem na entrada de ar, e só dá chama fuliginosa. Mas é uma raridade e decorativo.
É uma variante de “Bico de Bunsen”, chamada “Bico de Teclu“. Inventada pelo Engenheiro e Químico Romeno Nicolae Teclu. TECLU, N. J. Prakt. Chem. 45, 281 (1892).
Sua principal característica é alimentar a chama com grande quantidade de ar, aumentando sua temperatura. Detalhes sobre o Bico de Teclu.
Muito mais conhecidos são os “Bicos de Bunsen” propriamente ditos, BUNSEN, R.; ROSCOE, H. Ann. Phys. 176, 43 (1857). Os primeiros protótipos foram encomendados por Bunsen, ao fabricante de instrumentos científicos Alemão Peter Desaga.
E os “Bicos de Meker”. MEKER, G. J. Phys. Theor. App. 4, 348 (1905).

